estaria maluco se não tivesse junto


esse são joão me fez reencontrar muita gente e lembrar de muita coisa. voltar pra a bahia sempre me proporciona esse monte de emoções misturadas. de sentimentos que ainda teimo em sentir e outros que não me afetam mais (e em teoria deveriam. mai, né?). e mesmo os que não afetam, ainda permanecem na lembrança. e eu sou aquela que gosta de lembrar, né? ‘aquelas coisa’…

daí que agora há pouco falei que precisava de um show d’o rappa. e parando pra pensar, tem um fundamento estranho, essa vontade. deve ser algo relacionado com loucuras e começos. minha relação com o rappa começou precisamente em 2003. conheci músicas do cd ‘o silêncio que precede o esporro’ e fiquei completamente encantada. a força das letras, a melodia e a presença de marcelo falcão fizeram com que eu me tornasse fã automaticamente. tudo bem que eu já conhecia músicas de outros cd’s (a feira, pescador de ilusões, homem amarelo etc), mas as músicas do cd que citei me pegaram pelo pé de verdade. principalmente essa:

~e a cachaça queima bem forte, vibrante e forte~

daí que depois de tanta tietagem ilusória, em 2005 tive finalmente a oportunidade de ver a banda ao vivo. seria em ilhéus, no domingo… dia meio errado, já que tinha que trabalhar no outro dia em itabuna. mas, foda-se. era a chance. e depois de um churrasco da firma que eu trabalhava na época, parti pra meu show. obviamente ninguém tinha marcado comigo e eu ia sozinha. mas naquela mesma tarde a sorte (??) mudou e calhei de ter companhia.

nunca havia curtido um show daquela maneira. era vontade demais, de tudo, de ouvir, de dançar, de cantar, de transcender. no fim das contas e da loucura toda, surgiu a vontade de amar. daí se iniciou uma das mais loucas histórias de amor que tive. que me desafiou até meu último limite. onde eu me entreguei para as mais impossíveis aventuras que nunca havia imaginado na vida. coisas que, quem conviveu conosco, viu. mas que só nós dois sentimos. tudo calhou em um fim muito doloroso. riscos foram corridos, vidas foram perdidas, oportunidades foram deixadas de lado… e o sentimento que era vívido e bonito, ficou em nossas mentes e corações apenas pincelado pelas lembranças de algo intenso e bonito. bonito sim. e que nenhum de nós há de esquecer.

essa lembrança retornou forte quando, no meio de uma dessas festas do são joão, eu encontrei o rapaz da história acima. conversamos tanto, nos olhamos tanto, sentimos tanta saudade e no fim das contas entendemos que as lembranças boas eram apenas lembranças. que o amor ficou guardado naquele tempo, arquivado entre cartas e letras de she will be loved rabiscadas em capas de cadernos.

em 2006, passado o turbilhão acima, tratei – claro – de me enfiar em outro. nada mais natural… havia alguns meses que me recuperara do tornozelo quebrado, tinha deixado a faculdade de lado, estava sem trabalho e meio perdida no que deveria ou não fazer. a calmaria estúpida de itabuna me dava nos nervos. então um amigo que há anos não via, me contou que o rappa tocaria em sua cidade, vitória da conquista. veja bem… quem me conhece já sabe o que vou contar. festival de inverno, lá fui eu.

pra variar nas loucuras, tava quase sem grana, mas dei o jeito de comprar os ingressos, passagens e ficar com 30 reais pra sobreviver lá. típico… bem típico. em provação para se divertir, brisa ruleia. não dava pra pagar hotel, então esse amigo arranjou a casa de outro amigo pra eu dormir. e fui. e no segundo dia do festival eu já tinha me perdido (no bom sentido). tem até relato do meu diário na época. mais uma vez por um show do rappa eu entrei em parafuso. negócio tão louco que em dois meses eu já morava lá. vca foi a cidade que mais me deu saudade, até hoje. voltei poucas vezes, depois que deixei de morar. mas já planejo o retorno… se tudo der certo, em agosto eu estou lá denovo e pra curtir outro festival de inverno.

já meu último show d’o rappa marcou outro tipo de início… o início de um fim. mais uma vez em ilhéus, mas em circunstâncias diferentes. ele precedeu meu último reveillon em itabuna. meus últimos meses morando na cidade em que vim ao mundo, mas que rechaço… quase abomino. a cidade que nunca me acolheu de braços abertos. não que em outras façam necessariamente isso, mas… foi a cidade que não quis bem uma filha. e isso eu não aceito bem até hoje, admito.

e agora, quando procuro um show d’o rappa para expugar certas lembranças e me limpar para o novo começo, descubro que eles estão de férias. =/ sobrou falcão e seu projeto paralelo, mas que tão cedo não toca aqui. mas bem… logo chega o show de rhcp que – pra mim, com certeza – tende a significar mais que os três shows d’o rappa juntos.

é, eu não sou normal e vivo por músicas.

talvez por isso fique tão chateada por pessoas que me magoaram, terem me indicado músicas que gosto muito. isso acaba por manchar a beleza das músicas pra mim, quando da mágoa. mas, né? meh… fazer o que. o shuffle tá aí pra isso. muda pra próxima e entra em outra viagem, que passa.

~fly on away on my Zephyr, I feel it more than ever~

 


Uma resposta para “estaria maluco se não tivesse junto”

  1. Se começasse a contar minhas histórias do Rappa aqui escreveria um post quase do tamanho do seu. Já viu aquela frase “vão-se os anéis ficam os dedos”? Acho que no seu caso vão-se os amores, ficam as músicas. Xêro!

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