sobre cheiros, gostos e saudades

sobre cheiros, gostos e saudades

talvez por nunca ter tido uma visão muito apurada e não levar o tato tão a sério assim (fora das quatro paredes ou dum reco reco cotidiano em algum beco obscuro das augusta da vida), eu tenha ficado viciada em cheiros e gostos. pronto. esses são meus sentidos válidos de lembrança e acabou. e porque caixas d’água você foi pensar e querer escrever sobre isso agora, brisa dalilla etecétera? então…

tava eu linda, ruiva e brasileira no posto esses dias, comprando minhas humildes três long necks de cerveja – pra curtir minha noite by myself manêra – quando visualizei um pequeno pacotinho de halls uva verde. nada a ver pra vocês, né? mas deixa eu contar outra coisa aí eu volto e explico o babado. aí quando chego no caixa, tinha um rapaz muito bem apessoado usando aquele perfume cretino (que eu adoro, mas finjo odiar) chamado malbec. o boticário eu sei, faz nem medo… mas tem razão de ser essa relação amor/ódio. RAZÃOZONA da disgrama, aliás.

mãs… no fim das contas, uma parada me remeteu a um gosto e a outra a um cheiro. ambos bem marcados em minha mente linda e psicótica. halls uva verde vem dos tempos áureos de belmonte bahia. época peculiar onde eu super curtia me apaixonar pelo bad boy da galera (peraê, isso mudou? bem… continuemos.). fred… frederico de registro (que, inteligentemente, não se apresentava assim) era exatamente do meu tamanho, relativamente forte pra idade (17 aninhos), uma cara de sacana dos infernos e atitude tão condizente com a cara. era o mega master macho sambarilove da micro cidade belmonte bahia. e eu, claro, forasteira das itabunas, me apeguei de cara.

esse cara que eu não dava nada (!!), me ensinou uma das coisas mais fantásticas de minha adolescência: o beijo com halls de uva verde. caramba, se você nunca experimentou fica aí a dica. deixa o beijo deliciosamente perfeito. COIDILOCO. e o negócio com ele ficou tão marcado que, toda vez que coloco um bendito halls uva verde na boca, me transporto pros beijos dele. não que tenham sido os mais marcantes de minha pequena grande jornada nessa vida de meu deus… mas desse jeito, com este halls na boca, com toda sambarilovidade que podia ter, só lembro dele.

já o malbec é outra coisa louca de deus. se eu sinto o cheiro deste perfume cretino, fico que nem o picapau quando sente cheiro de comida, começo a voar em direção ~hipnotizada~. o perfume me remete a outra época louca, quando eu tava de paixonite por um certo chatinho. e, vejam só, essa história eu não posso contar em detalhes, já que envolve coisas bem mais excusas e impróprias pro horário (e classificação do blog). ficaê mais uma dica pra galere: malbec é um perfume do caralho. agora… a dica au contraire é, não comprem um perfume chamado black xs, senão periga eu te agarrar e nunca mais largar na vida. e esse eu não vou contar a origem. #interna bem #interna

mas brisa dalilla etecétera, você só lembra de cheiros e gostos que lembram machos? olha, então… pô, tem que confessar mesmo? obviamente que a maioria é, né… sou mulher e tenho um rasgo no meio das pernas… se for pra lembrar gostoso, que seja de macho! mas não é só por aí. cheiro de café expresso me lembra conquista, cidade que eu mais amei morar em todos os tempos até a última semana; gosto de caju lembra mainha (minha avó); cheiro de óleo sève lembra minha mamy; gosto de quentão remete a ibicuí; cheirinho de maresia lembra  a varanda da casa de dezza, em recife; gosto de conhaque me lembra festival de inverno – em conquista também; já o cheiro de pipoca me lembra… me lembra…

hmm… melhor pensar no monte de gosto e cheiro ainda solto por aí, pronto pra provar e sentir.

pois então… vamos seguir o curso das coisas; cheirar, provar, sentir e seguir.

tchau e bença.


6 respostas para “sobre cheiros, gostos e saudades”

  1. Mas tu é tão nordestina, né? Sei que todo mundo sente cheiro, mas quem é que dá tanta importância a isso feito a gente, a ponto de um dos maiores carinhos ser justamente mandar “um cheiro”pra alguém? Aliás, não só mandar, tem gente que não sabe, talvez porque esteja cada vez menos comum (e por isso me remete à minha saudosa avó), mas se costumava realmente CHEIRAR a cabeça e o cangote de pessoas queridas. Ah, os cheiros…eles também mexem tanto comigo, Bri.

  2. Até hoje eu lembro do cheiro do perfume (tosco e horrível) da primeira mulher que beijei. O negócio é horrível demais, mas é fato que marcou. Também lembro muito do perfume delicioso de uma ex-namorada (e agora melhor amiga) que ela usava na época. E só um adendo: como boa família de cearenses, aqui em casa é de lei quando pai ou mãe chegam da rua de dar um cheiro na minha cabeça ou na da minha irmã para falar oi. Até hoje.

    Mas sobre cheiro, por favor, é uma das coisas mais deliciosas que o ser humano tem, caramba!

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