detrás


você prende meus pulsos atrás do pescoço e eu não sei como começar a te contar toda a verdade. mesmo assim, começo. temos sempre que começar de algum lugar, não é?

eu não sou nada disso que você vê, muito menos o que digo. eu não sei exatamente de que matéria fui feita pra ser assim estranha. enxergo significados em coisas que não deveriam e tenho toda a gama de maus sentimentos existente dentro do peito.

não sei ser amada. não sei me deixar ser amada. destruo cada possibilidade disso em segundos, como se – sim – isso fosse o normal a ser feito, mesmo antes tendo criado uma realidade paralela onde tudo aquilo poderia quem sabe funcionar.

não sei fazer carinho. tudo que faço é meio no automático, como se aquilo fosse coisa trivial normal banal. e no fim das coisas sei que não é. sei o que significa para as outras pessoas. eu apenas não dou a mínima, não ligo. se sinto agora, não quer dizer que nos próximos cinco minutos vou continuar a sentir. nem quer dizer que eu não volte a sentir. entendeu? nem eu.

entendo minha vida – ou seja lá o que isso realmente for – como um filme. e eu ali, meio perdida no roteiro, tento transformar a meu bel prazer tudo em drama. vezenquando uma comédia, porque eu devo ter um pouco disso enfim. mas no final é tudo muito denso pra ser analisado por qualquer um.

você solta meus pulsos detrás do pescoço e eu não sei como terminar de te contar toda a verdade. então eu só te beijo.


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