Podemos chamar essas descobertas de experiências. O ser humano existe para experimentar. E vivemos do prazer de experimentar todos os gostos das nossas experiências. É isso que dá sentido à vida! Não importa se as experiências são agradáveis ou desagradáveis, ou a impressão que deixam gravadas em nossos “eus”. Importa mesmo é o sentimento de que a cada instante estamos sentindo, vivenciando e provando o gosto do novo. Resumindo: estamos em movimento.
O ser humano já nasce completo (repetimos: crença pessoal). Nada lhe falta e tudo lhe pertence. Não só daqueles dois universos, mas também daqueles que pelas nossas próprias limitações não conseguimos enxergar. Se é que conseguiremos um dia…
Não buscamos algo no quê ou quem para nos completar. Muito pelo contrário, nos buscamos no quê ou quem para ter a sensação de completude, que nunca chegaremos a ter. Até porque o algo é indefinido e não pode ser mensurado.
Quantos percentuais, quantas medidas precisaremos criar para estabelecer o tamanho das nossas necessidades, do que julgamos precisar?! É impossível medir, mensurar o que não se pode limitar. O limite do ser humano é o corpo. Nem a sua mente estabelece fronteiras…
Não importa, numa dimensão infinda e imensurável, discutir se o que falta é o que completa, ou se existe em si analogias ou diferenças. A beleza não está no estabelecimento de conceitos ou definições estanques, mas na busca dos novos conceitos e das novas definições que sempre estarão a surgir, para adequar àquelas mesmas necessidades a idéia de SATISFAÇÃO, que também não pode ser medida ou mensurada.
Acreditamos (idem: crença pessoal) não existir um ser humano plenamente satisfeito, porquanto ignorante da sua completude, e diante da sua eterna busca de encontrar no quê ou em quem, a parte que lhe completa. E apesar de tentarmos sempre nos referir à busca do quê, sempre acabamos por concluir que – seja o que achamos que nos falta, seja o que achamos que nos completa – nunca será encontrado no quê, mas em quem. O ser humano gosta de ser pessoal, gosta do quem. O quê apenas satisfaz algumas das suas necessidades, porém não tem o condão de lhe satisfazer plenamente, porque sempre se procura a resposta no quem, no outro alguém.
Há muito tempo nos convencemos de que o amor não é uma união e sim uma intersecção. Na união há sempre uma mistura, homogênea ou heterogênea, que não nos agrada. Se homogênea, perdem-se as identidades. As duas partes tornam-se uma única parte, indivisível e indissociável. Mas perdem-se as identidades e a beleza das diferenças. Qual a beleza do igual e do perfeito? Monótono, não tem graça! A graça está nas diferenças…
Se a mistura é heterogênea, são tantas as diferenças que a convivência com elas se torna insuportável! E aí também as diferenças perdem a graça. Dá para perceber como tudo é relativo?! Depende das nossas lentes. Da forma como enxergamos cada nova realidade, cada nova experiência…
Não existirá esforço, humano ou sobre humano, capaz de criar uma união completa. A união completa é um transbordo, e tudo que transborda gera excesso. Completo + completo = transbordo. Melhor explicando: o que acontece quando colocamos um copo cheio d’água num outro copo cheio d’água??? Faça esse teste em casa!
Daí que não é preciso encher o cheio que já está cheio, apenas para satisfazer a nossa pseudo-necessidade de nos completar com o que não nos falta. O transbordo é que dá a sensação de que algo nos falta. E não poderia ser diferente!!! Porque no transbordo perdeu-se parte do que já estava completo. O ser humano se faz incompleto, porque a sensação da falta não é do que falta, mas do excesso que se perdeu no transbordo.
Falemos agora da intersecção. Com ela nada se perde, tudo se adequa. As partes iguais se interagem, mantendo a identidade diversa de cada um dos objetos. Nela se mantém a integridade da beleza do todo. Não há transbordo, mas uma sobreposição de identidades, resguardada a beleza das diferenças e cada uma das distintas identidades.
Então, nem se fale em buscar o que lhe falta no quê ou em quem. Não se busca ter o que já se tem. A busca é pelo conhecimento do “tido” desconhecido; do reflexo do quê ou de quem; da parte que se pensava faltar, mas que efetivamente já existia. O ser humano não procura o que lhe falta no outro. Procura a si mesmo no outro. Procura o seu reflexo. O reflexo do que sempre foi completo…
Pedro Camena e Brisa Dalilla =31/08/08=
4 respostas para “Completude x Falta: resposta dúbia a uma teoria “tríbia””
Tudo aqui dito faz muito sentido, mas acho que não consegui na proposta, especificar a você o foco da abordagem.
Com isso, permiti que você ou escolhesse um foco (que poderia ser diferente do que eu havia pensado) ou que escrevesse demaneira esparsa (o que eu acho que aconteceu).
Depois da aula de hoje de construção de discurso, eu me orientei nas deficiências da minha tentativa de dizer o que eu queria. Em breve,editarei o post.
preparada pro livro?!?!?!?….
aih vai…
perceba…
O ser humano pode/consegue viver soh… mas não vive. (fzd aqui um estudo de caso isolado, sem entrar na questão de q eh necessária a reprodução da espécie e tals)… o fato eh… pode-se viver sozinho (tenha em vista nosso amigo Tom lah em ‘Naufrago’!!! ahhaha… vale de exempo, ué! Hunf). Nesse caso então eu digo… ele realmente tem tudo pra viver (ou sobreviver), mas não pra ser completo. O q trazemos conosco é o instinto de sobrevivência, q independe da interação com outros indivíduos, mas isso n eh completude… daí a questão de buscar fora de si o que possa te completar como ser humano, dotado de ‘quereres’ (sim… o tal quereres que Caetano jah cantou) e sentimentos.
Tendo em vista tudo o q falei, pode-se concluir que nossa completude depende dos que nos rodeiam. Família, amigos, amores… mas isso só acontece por que vivemos em sociedade.
Agora se vc parar pra pensar que n se sente falta do que nunca teve… Bom… (todos sabemos da teoria da evoluçao, seleção natural, etc, etc… mas admitamos aqui a existência da ‘criação divina’… do advento do ser por meio do ‘nada’…) se fosse um ser criado sozinho, sem nenhum outro de sua espécie, mas num meio q favorecesse sua sobrevivência… ele sobreviveria, neh? E se sentiria completo, pois aquele eh seu único propósito de vida! Sobreviver (o que eh um viver completo pra ele). Mas não pra nós. Claro, cm jah disse antes, sobreviveríamos, mas com a falta de tudo que nos eh externo e que nos torna completos.
Deu pra perceber que n concordo completamente com a teoria de q o ser humano jah nasce completo. Nasce completo sim, pra sobreviver, mas não pra viver. E esse é o ponto da questão.
Eh por isso que digo que busco o que me falta e o que me completa!! =P
c nao acha n?!! ahuehuahae
bjsssss
Eillin,
Adoro mesmo os seus comentários. E acredite, vc tem um fã! No entanto, a sua abordagem foi um tanto pragmática e extremamente vinculada à aparência de que o “externo” nos completa. Não é o externo que nos completa, NÓS NOS COMPLETAMOS NO EXTERNO (E NO INTERNO DESCONHECIDO TAMBÉM!). O conhecimento que adquirimos com as experiências enquanto “ser social” são catalisadores da percepção de tudo que trazemos conosco e era desconhecido. Assim, vamos nos descobrindo a cada instante. Quantas vezes vc não se pegou diante de um obstáculo que vc achava impossível de transpor e vc buscou forças “dentro de vc” para superar, e superou???! A força, a energia e a essência de ambas já estava em vc, e vc desconhecia. Quando nos superamos é que vemos que tudo que precisamos podemos encontrar dentro de nós. As experiências com o externo apenas evidenciam o nosso poder. O poder que já nasce conosco. Não é uma questão de instinto! Puro instinto é para os seres irracionais! Nós, humanos, racionalizamos instintivamente, porquanto inteligentes. E vc mesmo confirma nossa teoria ao afirmar que o ser humano “Nasce completo sim, pra sobreviver, mas não pra viver”. Venhamos e cameniamos, “sobre”viver é mais do que viver. Para viver basta existir, para sobreviver é preciso muito mais do que apenas existir… Se sobrevivemos, logo somos completos! E nós nos consideramos sobreviventes nessa nossa estranha existência…
Ai. Cansei.