22:09

22:09

ela jurava que não queria ter medo de sentir tudo de novo. até porque mesmo na vontade de esquecer a parte romântica da coisa, o passado continuava tão latente – tão presente e tão desejado – que há de se convir que os sentimentos iam se confundir no meio do caminho. e ela nunca teve medo de sentir de novo. o medo na verdade, permeava era a parte do vazio. “é que coração não nasceu pra ficar vazio, sabe?”, ela pensava. daí vinham as lembranças… e relembrar é aquela coisa dolorosa (mas de certa forma gostosa). tem dores que fazem até bem, já dizia o poeta. relembrar e trocar alguns ois, palavras soltas. o comum, o de sempre, o trivial. da rotina que, quando se perde, dá saudade. o trivial, poderia parecer trivial na cabeça do resto do mundo. mas era o trivial só deles e de mais ninguém. que fazia com que se entendessem sem interferências externas. dum mundo que ninguém haveria de mudar. foi como ela aprendeu a lidar, a conviver e a amar.

até hoje ainda permanece a dor gostosa de especular pra si mesma o que poderia ter sido. e ela sabe como a dor de um fim (iminente) pode ser cruel, como se rasgasse a alma em mil pedaços. mas o trivial que permanece, às vezes acalenta a dor. mesmo sabendo que o coração não deixa de sentir as coisas que a cabeça manda. mas há de ser racional, além do emocional. há de ser forte, mesmo quando falta o ar. há de ser correta com as coisas que simplesmente não dependem de nós para acontecer. porque nem sempre dois são um. mas nem sempre o fim é o fim (e o suspiro vem fundo a cada pensamento sobre isso). a verdade é que o fim não é tão terrível assim. e há de se entender que cada fim dita um novo começo. faltando pedaços importantes, claro. mas ainda assim há um começo. e começos não dão medo.

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Uma resposta para “22:09”

  1. “é que coração não nasceu pra ficar vazio, sabe?” – magnífica frase.

    mas discordo. começos dão medo. finais não dão. acabou, acabou. você tem medo de recomeçar.

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