quando tudo está desassociado do que deveria ser é que mais penso em você.
e também porque o contrário das coisas sempre me faz querer o contrário do contrário e vice versa. sempre assim. bem aquela coisa de criança pequena. o não é sim e o sim é não. e sozinha mesmo, sem a ajuda de senhor ninguém – dentro do meu mundo subjetivo e mais surreal que qualquer forma de imaginação – eu crio esses estranhos subterfúgios para não te amar mesmo te amando. ou não.
é… às vezes eu me perco nas lembranças e penso que nunca te amei de verdade. entendo que apenas criei mais uma dessas paixonites agudas dentro de mim para manter acesa a sensação falsa de felicidade instantânea. ou de segurança. vai saber…
o que já sabemos é que sou eternamente torta das ideias e do coração. o que eu tento descobrir é se esqueço tão fácil quanto amo. porque mesmo depois de anos, de tantos tempos, de tantas pessoas que passaram por mim (nós?) e as reviravoltas da vida… eu volto a lembrar tão facilmente de ti, tão sem querer querendo, que acho que voltei a te amar – quando nem sei se deixei de…
apenas sinto dentro de mim (e fora de mim) a pulsação do que passou e ficou guardado. uma coisa tão linda, que se torna maior do que eu. do que nós. tão intensa e precisa como ninguém nunca além de nós vai conseguir definir. como apenas alguns de nossos melhores escritos conseguiram contar.
tenho que lhe contar que às vezes me apaixono por uma, duas, três pessoas diferentes… por cada detalhe próprio que cada uma tem a me mostrar nessa vida. fique isso platônico ou não, é o que acontece. mas só você mesmo pode entender o que eu estou dizendo. só você pensa assim.
são raras as pessoas que entendem que sentimentos são diferentes. cada amor é um amor diferente. sentimentos são incomparáveis.
o que me intriga nisso tudo é que o último amor vivido sempre me parece maior… estando eu em fase de felicidade ou de dor. parece que a felicidade e a dor extremas tendem aumentar a intensidade de qualquer coisa. aí na cabeça aquele fica sendo o grande amor da vida.
mas eu entendi que não! o maior amor é sempre o próximo. o maior amor é o que eu ainda não vivi, não conheci nem toquei… ou provei. o maior amor é o que eu ainda nem consegui construir na minha mente. é o que vai me pegar de surpresa numa noite despretensiosa no apartamento do amigo em comum. ou que vai conseguir me salvar de mim mesma…
e ele pode até vir como o nosso: *totalmente desassociado do que deveria ser, às vezes me fazendo querer o contrário do contrário e vice versa – como criança pequena, ou às vezes nem existindo fora da minha cabeça/coração*. mas, sendo amor, o que mais posso querer?
posso apenas sonhar que o próximo amor possa ser um retrocesso. que possa ser diferente de tudo que eu acredito… que a película possa desenrolar-se no sentido inverso, de tal modo que todos os movimentos se processem ao contrário. e o próximo amor possa ser você.
4 respostas para “melancolia au contraire”
“o último amor vivido sempre me parece maior…”
“o maior amor é sempre o próximo.”
Eu juro que tinha escrito isso em algum blog meu com 18 anos, só que isso significa que foi em 2002 ou 2003, logo perdido está. E de fato, nunca encontrei nada que desmentisse isso, até hoje. Só não pensava que alguém ia pensar o mesmo, com as mesmas palavras que escrevi há quase uma década. Post sensacional, Brisa, parabéns.
Como se cada palavra viesse de um sentimento muito maior do que você própria. Um sentimento comum, sentimento compartilhado.
Parabéns pelo texto, por conseguir transcrever isso.
E obrigado.
“o que eu tento descobrir é se esqueço tão fácil quanto amo.”
Nossa… … …
[…] porque nesses momentos de fraqueza e choro fácil, o melhor que posso fazer é lembrar de você: […]