verso completo


eu deitada na cama, branca, nua, cigarro numa mão, caneta na outra, tentando concatenar aquele verso perdido pra colocar no papel.

você sentado na poltrona, nu, acendendo o cigarro com aquele zippo que eu sempre quis roubar, me olhando concatenar aquele verso perdido pra colocar no papel.

você quem tinha começado aquela poesia e eu me sentia meio insegura em seguir algo que você tivesse começado.

acompanhar sua mente frenética sempre me exigiu um esforço a mais. mas eu gostava de como seu alter-ego me fazia pensar.

ele, que conseguia ser mais que nós juntos, apenas porque nos juntou. ele, que podia dar as cartas como bem quisesse.

joguei no papel apenas metade do verso e você fez cara feia. tinha que ser completo. uma lágrima rolou e eu só conseguia pensar que dali a alguns dias você não estaria mais entre minhas pernas.

eu deitada na cama, branca, nua, cigarro no fim, caneta e papel jogados de lado e você completando meu verso com a única coisa que importava naquele momento.

você.


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