maktub. est écrit.


tem gente que gosta de apagar o passado. eu não. cada parte, cada momento, cada instante, cada suspiro, cada palavra vivida (sim, eu vivo palavras também)… tudo fica guardado em mim. aqui e em meus infinitos cadernos, agendas, notas. minha memória nunca foi das melhores, talvez por isso eu insista em anotar tudo. como se eu soubesse que um dia vou precisar recorrer a esses escritos para lembrar o que fiz, o que fui e claro – porque não – o que sou. e eu sou isso mesmo… talvez essa seja a representação exata: um monte de rabiscos de lembranças guardadas em cadernos, que vez ou outra ligações [in]esperadas, aparecimentos furtivos e leituras aleatórias, me forçam a lembrar. quando falo ‘forçam’, não entendam como se a lembrança fosse forçada. não, pelo contrário. é natural e gostosa. lembrar é gostoso. nossa… como é bom. e lembrar como você consegue fazer parte de uma pessoa, mesmo não ‘estando’ parte dela… e lembrar que certos elos são tão fortes que o tempo e o espaço nunca conseguirão quebrar. porque poucos sabem a diferença entre os mundos. reconhecer que pertence a outro mundo, não é pra todo mundo. e esse mundo (paralelo, lúdico e etéreo) que só nós conhecemos, onde é permitido ser cheio de metáforas, sinonímias e antíteses (do tipo tudo ao mesmo tempo, agora)… onde não é estranho se revelar uma grande hipérbole de sentimentos, com todos paradoxos psicodélicos e ecléticos imagináveis onde é possível transformar os pequenos *momentos de eternidade* numa verdadeira catarse… é nesse mundo onde vive o meu eu de verdade. e onde podem conviver em harmonia perfeita, o poeta real e o real espectro imaginário.

o que permanece no meio da profusão de lembranças reativadas é a certeza: o roteiro está inacabado. est écrit.


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