quando a gente surta parece que, além de louca, fica cega, surda e sem entender um palmo de coisas embaixo do nariz. ohhh, that’s the truth. é o esquema de “a dor é minha mesmo, é enorme, é maior que a de todo mundo porque é minha (ora bolas!) e foda-se quem achar errado”. sim, acabei de descrever meus surtos. reconheceu? porque não é só de pollyanismo que vive a pessoa, né? e às vezes, mesmo com o otimismo todo que me acompanha, eu fraquejo, sinto o chão sair dos pés e surto (lindamente, loiramente e japonesamente). normalmente quem fica perto nesses surtos e não consegue segurar a barra ou não entende como é passar por isso, sofre até mais que eu. e pensem que os surtos de hoje são bem menores que os de antigamente. sinta o drama…
como sempre digo sobre pessoas que me entendem de verdade (e que são contadas nos dedos), só uma entende de surtos in my level. highest level, you can bet… ele é o único que entende que no seu mundo – o mundo que permite esses surtos high level – só interessa a ideia que ele mesmo tem disso. “egoísmo, mamãe?” “é, meu filho. c’est la vie.” não vai adiantar o que as pessoas comuns falem. os tradicionais “isso passa”, “logo cura”, “tudo vai ficar bem”. não vai adiantar em porra nenhuma! eu, sinceramente, não quero saber naquele momento que tudo vai ficar bem. eu quero sofrer, quero me afogar na minha dor e no meu surto e sentir até onde eu puder, cada milímetro de coisas que sei que vão me devastar mesmo… fazer o que né? vamo sentir essa porra!
sabe pra quê eu faço assim? porque eu aprendi assim? porque eu descobri logo cedo que, quando você esconde a dor, ela não vai embora. quando você controla o surto, camufla as emoções e finge que tudo está bem, tudo fica pior. não que precise usar todo mundo e tudo como válvula de escape. mas você sabe quais são as suas. eu tenho uns poucos amigos que me servem de sparring e vice versa; tenho minhas caminhadas by myself, meus dias sozinha fazendo nada e olhando pro teto, às vezes chorando, às vezes gargalhando feito doida; tenho meus cigarros, minhas bebidas e o que a bohemia me permitir aproveitar; tenho as lascividades ditas e feitas; tenho os CUs digitados na timeline; uma ou outra alfinetada intencional em alguém que eu sei que engole corda e grita se doer… e por fim tenho esse blog, que desde os primórdios da internet sobrevive com esse tanto de entojo sem nexo na home e arquivos.
cada um escapa de si mesmo, do seu jeito. cada um externa a dor como quer/pode/consegue. eu só não entendo gente que fica calada. quando eu digo calada, é calada mesmo. até pra si. de um jeito estúpido que não dá pra se sentir à vontade para dividir seus medos nem com você mesmo. doideira, né? mas acontece (de demais). olha… eu sei como é difícil se mostrar frágil, suscetível, perdida… mas entendo que as fraquezas estão aí na vida de todo mundo, como todos os outros sentimentos que nos rodeiam e não devem ser negados. eu já penei nessa vida usando a máscara de inabalável. e quando caí, caí mais feio que todo mundo. e doeu muito mais. e demorou mais que o normal pra curar. christina yang style, sabe… (quem assiste grey’s, entende e bate aqui! o/).
demorou uma caralhada de anos pra eu aprender que camuflar não funciona. por isso, acredite… por mais que se use milhões de subterfúgios pra esconder e máscaras pra se salvar da opinião alheia, no fim você é o que você é nos seus surtos. você mostra quem é você quando está triste, fudido, puto da vida e querendo comer o cu do mundo. e mostra o que você pode ser, quando sai do surto. forte e renovada, perigando tatuar uma fênix na perna (oi?) e pronta para tentar de novo, acreditar de novo e – no pior dos casos – quebrar a cara de novo. e recomeçar aquele velho e conhecido loop eterno de uma mente sem lembranças: cai, sofre, levanta… vida fácia? quem disse isso mesmo?
*não vou ter que explicar o “vida fácia”, o mói de xingamentos, nem nenhuma das expressões em baianês claro, né? obrigada. valeu. o/