começou o dia querendo existir fora dali. fora daquele espaço ínfimo e também fora de você. pensava ter conseguido, mas o passado recente insistia em martelar bem de mansinho na sua cabeça. queria fugir das possibilidades que não eram mais possibilidades. escapar da maldição do “e se”… nossa, como ela detestava o “e se”. mas você continuava grudado em todo pensamento que surgia. junto com o “e se”. e, bem… não dava pra fugir. não assim. pelo menos ainda não. enquanto ela não percebesse tudo que estava por trás daquela atitude final, nada acabaria. e realmente foi aquele não disfarçado de “vou ali e já volto” já que mudou tudo. que fez com que ela trançasse os próprios pés e caísse bem ali. naquele mesmo lugar de onde ela, rodeada de palavras soltas infernizando seu dia, tentava lembrar da última vez que havia sentido algo daquela forma. no fim das contas, concordo que ela gosta mesmo é de sofrer. até porque quando dói é muito mais bonito…
pelo avesso
vamo pro fundo, pro fundo
o arame farpado na cabeça
vento, cata-vento, vulcão
pâncreas, fígado, coração
suspeito
de tudo que passava por lá e vinha pra mim
da cabeça passava pro coração
ia e voltava fundo
um pouco do produto bruto que jorra da sua pessoa presa
acesa
sinto muito que você não pensa nisso
surpresa sua
mas pode ser também surpresa minha,
surpresa sua
por que o corpo humano tem a resistencia perfeita
se bate de leve dói, bate de com força mata