sinônimos e anônimos
Você mexe e remexe (com) o meu íntimo de uma forma que desestrutura, desmonta e espalha pedaços e desejos por todo este nosso *universo*paralelo*. Fraciona minha unidade e remete todos os meus *eus* ao encontro dos seus *eus* – que não são poucos! – tão desapercebidamente do que faz, como inconsciente da marca que imprime em cada uma das minhas partes. Brinca com meus instintos, com meus sentidos, me bagunça e depois me junta com aquele jeito agridoce, puro, quase ingênuo (porque natural) de quem nada faz por mal. Você chega cheia de metáforas, sinonímias e antíteses (do tipo tudo ao mesmo tempo, agora…), e se revela uma grande hipérbole de sentimentos, com todos esses paradoxos psicodélicos e ecléticos, transformando os nossos pequenos *momentos de eternidade* numa verdadeira catarse. Você para o tempo e manipula a realidade virtual, como uma cientista louca, e eu entro no seu jogo, de cobaia, só para ver no que vai dar… Porque me vejo em você, me sinto em você, começo e termino em você, com todas as figuras de linguagem. *Nós* somos sinônimos, apesar de anônimos aos olhos do mundo. Nos projetamos um no outro, portanto não há muito o que descobrir, a não ser nós mesmos. Se me descubro, lhe descubro e vice-versa. Não tem segredo… não tem mistério… Apenas somos e estamos sendo. Por isso não temos prazo de validade. No *nosso* universo não existe o tempo, tudo é pleno, tudo é agora, sem chegadas ou despedidas. Apenas acontecemos…
Pedro Camena 01/05/2008