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lembrar dói
lembrar de quando a poesia escorria pelos dedos e se entranhava em outros dedos por onde também escorriam poesia, dói. é uma dor fina, porque as palavras estão lá, mas não se encontram mais. foram condenadas à liberdade eterna, a um limbo onde a escrita não é mais etérea, a navegar soltas no espaço sem […]
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quem é você?
eu sou o vento da tarde o sentimento misto de medo e liberdade que se sente na beira do precipício antes de pular eu sou o que mal começou mas já vai acabar porque se só o presente existe ele acabou de passar eu sou a saudade do mar sou a força da terra que […]
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segura
segura, que este tempo será recompensado logo mais segura, porque tudo há de ser vivido com o que a vida lhe traz segura, que a luz que aqui te cega lá vai te iluminar segura, que todo navegador – por mais perdido que esteja – tem certeza de onde quer chegar segura, que quando estivermos […]
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vadia
minha poesia é uma puta ruim some no mundo sem dar uma mísera satisfação e quando volta, se volta, quer ocupar seu lugar de “direito” como se nada tivesse acontecido. vadia.
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acordes da urgência
teu beijo às vezes é ânsia,e a vontade é uma constância. teu beijo provocativo é forte, mesmo assim, não é querer de morte… nunca foi desejo finalizado, nem nada tão arquitetado.teu beijo sôfrego, quando quente, derrete na minha boca. teu beijo urgente, só funciona para a minha exagerada falta de urgência. e acaba por combinar […]
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oi você.
você mesmo. que me olha e não me vê. que não enxerga e não me lê. não me lê e não me entende. você que deveria ser mais. você que costumava ser tudo e agora nada faz. você por quem despedaço cada fio de aço de minha proteção. você que não vê céus nem pisa […]
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eu quero
eu quero brincar de querer você. brincar de fingir te ter, tocar, tecer. brincar de sonhar me emaranhar em teus cabelos e desejos. e brincar de poder ser seu desejo. quero brincar de tentar te fazer sorrir, e sorrindo, brincar de poder te olhar dormindo. e nessa brincadeira de tanto querer, transformar o sonho em […]
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todos ao vento
a palavra é o que une e o que separa… é preciso saber sentir. saber pensar. saber falar. saber calar. essa é a ciranda de roda que me embala. que cala a fala. que confunde a mente em tudo que se pensa e/ou sente. o que é pensado e sentido logo remete à emoção. a […]
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vice-versa
não me olhe… me devore, me toque e me molhe. sinta-me quente, interna e d e m o r a d a m e n t e. vontade pungente, indecente, além do momento presente. me receba e me escreva. reproduza meu sexo em texto desconexo com seu dedo gentil. e no ardil que se […]
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SENSAÇÕES
Cheiro. Cheiro do sexo no dedo. Cheiro do desejo na ponta do dedo. Cheiro do cheiro. Da pele que se repele. Da pele, que se revele! Do gosto, do cheiro, da pele. Gosto. Gosto do sexo na língua. Gosto do desejo na ponta da língua. Gosto do gosto. De gosto que se gosta. De gosto […]
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lá do alto
lá do alto ela só conseguia sorrir de leve, por trás do nervosismo. era tudo plano. era tudo novo. era tudo azul manteiga derretendo em nuvens brancas e fofinhas. “algodão doce” – ela sussurrava. a vida tinha consistência de algodão doce e gosto da bala 7 belo que rodava de um canto a outro de […]
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RIP
o retrato se mostra caladoesperando o tempo passar,e meu gosto, aqui, não provadoquerendo a fome matar.na chuva e na bossao medo faz troçacom o desejo,e o o que não vejoé o mundo em segredoescondido de todos e de si mesmo.prevendo o enredoque agora entendoe mostro ao solene papel,me perdi na rimaque se jogou de cimado […]
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papa don’t preach
minhas cicatrizes são mapasmeu erros, escadaspara alguma tranformaçãoque não sei onde vai começarou terminar minhas dores são besteirasas crises, passageiraspara algum objetivo infantilque não sei porque aconteceou se esquece minhas lágrimas são precesas poesias, exegesespara algum livro esquecido na estanteque não sei se vai ser pedraou diamante minhas horas são dedos mínimosos pecados, infindospara alguma […]
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TUFÃO
Começo por onde devo.Me apego.Não me nego!Me entregoE aceito. Envolvo.Comovo.Com meu entojoE minha alma transtornada. Viro pulsação pura.Rasgo a roupa!Te [e me] sinto. Chego ao êxtase.Gozo até a última gota… Amo, estremeçoE entorpeço.Aí pronto, acabou?Não… Isso não acaba,Não finaliza!Até que o tufão em meu corpoFinalmente vire brisa… Brisa Dalilla =07/09/2008=